Microrredes para Transformação Social: Uma Abordagem Extensiva e Comunitária

Microrredes para Transformação Social: Uma Abordagem Extensiva e Comunitária

Resumo

Este artigo aborda o impacto social das microrredes elétricas, indo além dos desafios técnicos e econômicos. Inspirado pelo projeto MERGE, busca-se destacar como essas infraestruturas podem transformar comunidades, promovendo inclusão energética, educação tecnológica e desenvolvimento sustentável. A integração entre universidade, sociedade e setor produtivo é explorada sob a perspectiva da extensão universitária, alinhando-se às diretrizes da interação dialógica, interdisciplinaridade e impacto social.

1. Introdução

As microrredes representam uma inovação essencial para a transição energética sustentável. No entanto, sua implementação não deve ser apenas uma questão tecnológica ou econômica, mas também uma estratégia para inclusão social e fortalecimento comunitário. A energia, enquanto bem essencial, precisa ser acessível, segura e capaz de gerar oportunidades para o desenvolvimento local.

O presente artigo propõe uma abordagem social para as microrredes, destacando como projetos de pesquisa e desenvolvimento podem integrar princípios da extensão universitária, ampliando o impacto na sociedade. Para isso, analisamos a experiência do projeto MERGE e sugerimos formas de fortalecer sua conexão com as comunidades beneficiadas.

2. Microrredes e Transformação Social

2.1. O Papel das Microrredes na Inclusão Energética

O acesso confiável à eletricidade está diretamente ligado ao bem-estar social e ao desenvolvimento econômico. Em áreas urbanas periféricas e comunidades isoladas, a falta de infraestrutura energética pode perpetuar ciclos de pobreza e exclusão. As microrredes surgem como uma solução descentralizada, permitindo que comunidades tenham maior autonomia sobre seu suprimento energético.

Projetos como a CONGRID do MERGE podem ser ampliados para fortalecer a autonomia das comunidades por meio da participação ativa dos moradores na gestão energética, do incentivo ao uso eficiente da eletricidade e da implementação de tarifas sociais.

2.2. Extensão Universitária e a Democratização do Conhecimento

A extensão universitária é um dos principais mecanismos para levar o conhecimento acadêmico à sociedade. Segundo as diretrizes da extensão, a interação dialógica entre universidade e comunidade é essencial para que o saber acadêmico não seja imposto, mas sim construído de forma colaborativa.

No contexto das microrredes, a universidade pode desempenhar um papel fundamental na capacitação de moradores para operação e manutenção dos sistemas, promovendo cursos de formação em energia renovável, eletrônica de potência e gestão comunitária da eletricidade.

3. Metodologia

A metodologia sugerida baseia-se nos princípios da extensão universitária, integrando ensino, pesquisa e ação comunitária. Para isso, propõe-se um modelo de intervenção baseado em três eixos:

  • Educação e Formação Técnica: Cursos voltados para capacitação de moradores em manutenção elétrica, eficiência energética e energia solar.
  • Participação Comunitária: Criação de comitês locais de gestão energética, onde os moradores possam tomar decisões sobre o uso da eletricidade e propor melhorias.
  • Monitoramento e Avaliação do Impacto: Desenvolvimento de indicadores sociais para medir o impacto da implementação das microrredes na qualidade de vida das famílias atendidas.

4. Grau de Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade é um fator chave na abordagem social das microrredes. Além da engenharia elétrica e eletrônica de potência, disciplinas como ciências sociais, administração, economia e educação são fundamentais para criar estratégias de participação comunitária, políticas de acesso justo à energia e modelos sustentáveis de governança local.

5. Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão

A integração entre ensino, pesquisa e extensão é um princípio essencial da universidade pública. No contexto das microrredes, isso se traduz em:

  • Ensino: Engajamento de estudantes na implementação e avaliação dos impactos sociais das microrredes.
  • Pesquisa: Desenvolvimento de novas tecnologias e modelos de gestão energética com participação da comunidade.
  • Extensão: Transferência de conhecimento técnico para os moradores, promovendo autonomia e capacitação profissional.

Essa abordagem garante que o desenvolvimento tecnológico das microrredes não seja dissociado do impacto humano e social que elas podem gerar.

6. Expectativa de Impacto na Formação do Estudante

Os estudantes envolvidos nesse modelo de extensão terão uma formação mais ampla e conectada à realidade social do país. A participação em projetos de microrredes permitirá que desenvolvam habilidades técnicas, ao mesmo tempo em que aprimoram sua sensibilidade para desafios sociais, aprendendo a trabalhar de forma interdisciplinar e colaborativa.

Além disso, a experiência direta com a comunidade pode fortalecer sua formação cidadã, tornando-os profissionais mais comprometidos com a democratização do acesso à tecnologia e inovação.

7. Interação com a Sociedade

A extensão universitária estabelece um canal direto de diálogo entre academia e sociedade. Projetos como o MERGE podem ampliar essa interação por meio de parcerias com associações comunitárias, escolas técnicas e cooperativas locais, criando redes de inovação e desenvolvimento sustentável.

A criação de laboratórios comunitários de energia, por exemplo, pode ser um caminho para que estudantes e moradores desenvolvam juntos soluções tecnológicas acessíveis, promovendo a inovação social.

8. Objetivo do Projeto

Este projeto tem como objetivo principal integrar a extensão universitária ao desenvolvimento de microrredes, garantindo que a inovação tecnológica seja acompanhada por uma transformação social efetiva. Para isso, pretende-se:

  • Capacitar moradores para operação e manutenção de microrredes.
  • Criar mecanismos de gestão comunitária da energia.
  • Promover a inclusão digital e tecnológica por meio da eletrificação sustentável.
  • Avaliar o impacto social das microrredes em comunidades vulneráveis.

9. Público-Alvo

O projeto será voltado para:

  • Moradores de comunidades com acesso precário à eletricidade.
  • Estudantes universitários e de ensino técnico interessados em energia renovável.
  • Profissionais do setor elétrico e gestores públicos envolvidos na implementação de microrredes.
  • Organizações sociais atuantes em desenvolvimento comunitário e justiça energética.

10. Referências Bibliográficas

Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Relatórios técnicos sobre a expansão da geração distribuída no Brasil. Brasília, 2024.

Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (FORPROEX). Política Nacional de Extensão Universitária. Porto Alegre, RS, 2012.

POMILIO, J. A. et al. Pesquisas Interdisciplinares em Redes Inteligentes de Energia Elétrica. III Simpósio Iberoamericano em Microrredes Inteligentes, 2019.

11. Cronograma de Atividades (2025)

Mês Atividade
Abril Levantamento de comunidades-alvo e definição de parcerias.
Maio Oficinas comunitárias sobre energia e microrredes.
Junho Capacitação de moradores em manutenção elétrica.
Julho Implementação de infraestrutura piloto de microrrede comunitária.
Agosto Acompanhamento técnico e social da implantação.
Setembro Desenvolvimento de indicadores de impacto social.
Outubro Avaliação preliminar e ajustes no modelo de intervenção.
Novembro Seminário de apresentação dos resultados e publicações científicas.
Dezembro Encerramento e planejamento de expansão do projeto.

Conclusão

As microrredes são uma solução promissora para desafios energéticos contemporâneos, mas seu potencial transformador só será plenamente realizado quando aliadas a estratégias sociais eficazes. Ao integrar a extensão universitária à sua implementação, podemos garantir que a inovação tecnológica seja também um instrumento de justiça social e desenvolvimento sustentável.